sábado, 6 de fevereiro de 2010

Segredos de uma adolescente.


     O lugar estava totalmente escuro. Era um cubículo desconhecido. À princípio, parecera um quarto de uma pousada, o qual possuíra apenas uma janela de vidro, que contemplava os possíveis hóspedes com uma bela vista para o mar. O sol estava nascendo e clareando o local com algumas flechas de luz. Paulatinamente, os raios de sol penetravam pela janela e refletiam no rosto de uma garota que estava dormindo no canto do quarto, perto de uma cama bastante desarrumada. Parecera que algum fenômeno da natureza havia entrado naquele local e o deixado naquele estado. E a garota também contribuía para tal situação. Os raios solares foram aos poucos tocando o rosto da menina, acordando-a. O sono parecia bom, mas, agora despertada, ela via a sua imagem refletida na janela. Rapidamente, ela escondera o seu rosto com as mãos. Ela não conseguira olhar pra si mesma. Ela estava pálida. Seus lábios vermelhos não demonstravam sinal da existência de uma circulação sanguínea. Sentira vergonha. Por algum motivo, ela se sentira assim.
      Ela estava paralizada. Olhava ao seu redor e começava a se lembrar das cenas que protagonizaram o pior dia da sua vida. Tudo representava um dia inesquecível para aquela moça, porém nada era digno de uma fotografia. Repentinamente, ela começara a tremer. Todo o seu corpo tremia feito um terremoto. Não conseguira imaginar o quão árdua fora a sua vida durante aquelas cenas que duraram duas horas. Mas que para ela, tornaram-se eternidade.  Parecera que naquele momento, tais horas nunca chegariam ao fim e que apesar de ter completado 13 anos, semana passada, a sua vida, agora, se resumira apenas aquelas duas infindáveis horas. E aqueles instantes insistiam incansavelmente em aparecer na forma de flashes para a garota. Ela começara a sentir fortes dores na cabeça e em todo o seu corpo. Tudo doía. A lembrança daquele dia lhe era uma dor. Decidira guardar segredo. Quem sabe tentaria guardar esse segredo de si mesma. Embora fosse impossível.
      Aquela menina de longos cabelos pretos iniciara um choro profundo e desesperador, porém calado. Tinha vergonha até da sua voz. Sentira-se recuada. Só!  Nem ao menos conseguira levantar a mão até a própria face para enxugar seu rosto das chuvas de lágrimas que inundara o seu corpo como um rio. Não queria se tocar. Aliás, não pensara em mais nada. Não sabia como encararia a vida. Tudo seria difícil. Desse modo, preferia ficar ali. Reclusa. Ela não seria mais a mesma e talvez nunca mais fosse perdoada. Quem ela era, agora? Diante de tais reflexões, ela sentira algo molhado em suas mãos. Ela hesitara uma movimentação, mas desistira dessa idéia pouco tempo depois. A princípio não conseguira identificar aquilo, pois o local ainda estava escuro e o sol ainda não nascera completamente. Aproximara as mãos trêmulas da sua irrevelável face e tentara cheirar aquele líquido. Sentira um aroma diferente, mas ela estava convicta... Era sangue!



Um comentário:

  1. É, eu confesso: sou lerdo... juro que a única coisa que consegui imaginar que tenha acontecido, é que ela se menstruou oO
    mas enfim, gostei do modo como escreve, bem bonito (Y).. parabéns
    abraço.

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