sexta-feira, 16 de abril de 2010

Guarde-me!

Acha que trocar de roupa é uma tarefa fácil? Realmente não é! Eu tenho inúmeros motivos para permanecer com as minhas velhas roupas. Algumas ainda em perfeito estado, outras se notam um leve desbotamento cheirando a mofo. Sei que nunca mais usarei algumas daquelas peças, mas eu sento a necessidade da permanência de todas em meu guarda roupa, sem exceção. Para que em um belo dia de sol, eu  possa contemplá-las e lembrar de como me sentia vivo com a sensação do contato entre a minha pele e aqueles tecidos particulares, os quais se camuflavam em meu corpo fazendo parte de mim. Completando-me com suas cores, detalhes, contribuições. Enfim, cada peça me permitia a possibilidade de um novo eu.

Quiçá, fosse loucura concordar com o tempo e me desfazer daquelas roupas, pois durante os meus melhores momentos, eu estava com elas e principalmente, elas estavam comigo. Recordo-me de cada botão, de cada modelo (cada um mais diferente que o outro, embora únicos) e até de alguns fiapos que insistiam em desfazer algumas resistentes costuras, mas que no final  das contas, tudo ficava resolvido. 

Apesar da compra de novas roupas, eu ainda me questiono se estou preparado para substituir as minhas velhas roupas mofadas, pois está sendo difícil encontrar algo que combine comigo ou que me faça sentir inteiramente à vontade. Parece que tudo me sufoca, dificultando a minha respiração. Quem sabe é a moda atual impondo roupas mais modernas. Entretanto, eu preciso do meu passado.

Aaah, enfrentar o "não habitual" é sempre um desafio e uma aprendizagem nas nossas vidas. É absorver o novo e acrescentá-lo ao velho. É pular no tempo e observar novas vozes, novos costumes, novas aparências físicas...É se permitir avançar em contraponto com o medo de nunca mais voltar... É se arriscar!