quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Náufrago


Onde estou? Foi exatamente o que eu pensara. O silêncio era absoluto. E eu só enxergava o infinito. A imensidão do vazio havia contemplado aquele local. E isso me fizera mínimo diante de tal situação. Tudo cheirava a nada e não havia ninguém ao redor para me tirar desse grande abismo. E eu precisava de alguém naquele momento, ao menos, para estar comigo e se fazer presente. Por que isso se fizera tão importante agora? Oras, às vezes, eu mesmo me achava a minha melhor companhia. Não sei o porquê, agora, esse “achismo” não me agradava tanto. Pensara em estar morto, mas não conseguira lembrar como havia morrido. Nem ao menos reconhecera o céu ou, talvez, o inferno. Mas não! Eu não estava morto. Assim, tentara me acalmar, mas eu estava ficando sufocado, estava cansado daquele sentimento que se apresentara de forma intensa e assustadora. Tentei gritar na tentativa de que os meus “pedidos de socorro” conseguissem atingir uma extensão maior do que aquela em que me encontrava. Todavia, nenhum som era tão barulhento quanto o próprio silêncio que invadira aquele lugar. E por mais que eu tentasse, eu sei, eu me afogaria naquele mar de mágoas. De repente, veio-me à mente o meu passado e as histórias que havia deixado para trás, veio o arrependimento das coisas que não fizera ou deixara de fazer, simplesmente, porque sentira que ainda haveria muito tempo e para mim, o amanhã era uma promessa. Mas quando saberemos ao certo quando teremos outra chance de demonstrar nosso afeto? Quando saberemos qual é a hora certa de dizer “Eu te amo!”? Quando saberemos o final de um ciclo? Quando saberemos ser companhia? Quando? Eu ri por uns instantes, pois os meus pensamentos se fizeram multidão, entretanto já era tarde e eu nada pudera fazer. E eu observara as minhas histórias construídas, ao longo do tempo, mergulharem e se afastarem de mim. Ora boiavam, Ora se afogavam bem na minha frente. E eu vira parte da minha vida desaparecer sem ao menos tê-la completado. Pela primeira vez eu estava com medo. Medo da perda! Isso me assustava bastante. Tudo estava sendo afogado, afogando! Eu já estava me afogando e me perdendo dentro daquela imensidão azul quando, repentinamente, eu acordei. Eu estava com a sensação de que estava molhado. Mas isso não importava naquele momento. Sai de casa determinado. Fui ao encontro dos meus amigos.

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